Pela primeira vez em Portugal as questões da energia e do clima estão enquadradas numa ação concertada entre políticas e medidas dos setores energético e ambiental, conjugadas para ultrapassar o desafio da transição energética para uma sociedade neutra em carbono, promotora do crescimento económico e da qualidade de vida dos cidadãos. O Plano Nacional Integrado de Energia e Clima para o período 2021-2030 materializa o compromisso nacional de mudar o paradigma energético, principalmente no que toca à redução dos combustíveis fósseis e à mitigação das emissões associadas ao setor energético. Todos os setores da economia devem estar alinhados para contribuir para alcançar estes objetivos, nomeadamente a agricultura, a indústria, os edifícios e os transportes.
Aos edifícios, responsáveis por quase 30% do consumo de energia final em Portugal, pede-se um esforço acrescido do ritmo e profundidade das renovações no edificado existente. A construção nova, com pouco mais de 14 mil edifícios concluídos em 2017 (dados do INE), para já, dificilmente poderá liderar esta revolução energética. Ainda assim vamos acompanhar com muita curiosidade, já a partir de 2020, a aplicação das exigências para edifícios de necessidades quase nulas de energia, cuja definição e conceito foram recentemente aprovados.
Relativamente ao contributo para a descarbonização, o setor dos serviços deverá ser o mais solicitado, com uma redução prevista de 70% das suas emissões para o horizonte de 2030, enquanto que o setor residencial será responsável por uma redução de 35% das emissões de CO2, ambos face a 2005. Grande parte desta redução será assegurada pela conversão para fontes renováveis do sistema nacional de produção de energia elétrica. A eletricidade nos serviços representa mais de 73% do consumo de energia final e no residencial cerca de 42%.
Mas outros desafios se perfilam no horizonte. A Diretiva (EU) 2018/844, relativa ao desempenho energético dos edifícios, por exemplo, vem introduzir novas funcionalidades nos edifícios. Nomeadamente, a possibilidade de instalação de dispositivos autorregulados nos edifícios existentes, a fim de ajustar separadamente a temperatura em cada divisão, ou o desenvolvimento das infraestruturas para o carregamento inteligente dos veículos elétricos, proporcionando complementarmente a utilização das baterias dos automóveis como fonte de energia para a gestão da procura e oferta da rede elétrica. Os sistemas de iluminação fixa e de automatização e controlo do edifício também passam a receber uma especial atenção e, consequentemente, uma maior visibilidade que pode permitir uma nova escala de intervenção.
fonte: Edifícios e Energia