A cozinha pedia obras, a casa de banho uma atualização e as paredes tinta fresca, mas nem o peso da idade travou um negócio supersónico. A casa dos irmãos Ferreira, no coração de Lisboa, encontrou novo dono em três dias. “O agente ligou a dizer que ia ativar o anúncio e que através da rede da agência, e dos pedidos de clientes que procuravam uma casa com aquelas características, conseguia antecipar mais de cem visitas.” Não foi preciso tanto. O primeiro casal a conhecer o espaço aceitou o valor proposto e ficou com o imóvel. “Não posso dizer que não foi uma surpresa, especialmente porque em 2013 ou 2014 já se tinha tentado pôr a casa à venda e não apareceram mais de duas ou três pessoas interessadas, mas dispostas a pagar muito menos”, conta Mário Ferreira ao DN/Dinheiro Vivo.
Ainda eram os efeitos da crise, mas a realidade mudou. No ano passado, o tempo médio para vender um imóvel voltou a cair. Em Lisboa, foram precisos, em média, apenas seis meses, contra os nove meses de 2013, mostram dados cedidos ao DN/Dinheiro Vivo pela Confidencial Imobiliário. Esta realidade alastrou a todo o país e reflete não só a maior confiança dos consumidores como um maior poder de compra.
“Nos tempos de maior crise, o tempo de absorção de um imóvel aumentou. Esta variável nunca tem variações muito drásticas, mas reflete a falta ou o aumento de liquidez da economia”, lembra Ricardo Guimarães, da Confidencial Imobiliário, admitindo que “era esperado que o aumento de liquidez, após a crise, reduzisse o tempo de venda, e isso observou-se”.